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Reprodução: Comunica Araraquara |
No futebol, não é diferente. No Brasil, mesmo sendo o país do futebol, também não. O "feminino" muda tudo, mesmo não mudando nada. É a primeira vez que a Copa do Mundo de Futebol Feminino está sendo transmitida em TV aberta, na Rede Globo. Primeira vez porque não é somente a Copa do Mundo de Futebol, sem complementos - já que foi estabelecido que tudo é masculino, portanto não há necessidade de especificação. Quando se trata delas, uma força reacionária, agarrada ao imaginário social, insiste em sufocar, oprimir e subestimar.
Por causa do "feminino", o nosso futebol tão valorizado, foi proibido de 1941 até 1979 - já que as mulheres não deveriam praticar esportes incompatíveis com a sua natureza. É por causa do "feminino" que a discrepância salarial entre homens e mulheres é um abismo de injustiça: Lionel Messi recebe 325 vezes o salário da norueguesa Ada Hegerberg, a jogadora mais bem paga do mundo. Por isso, também, você provavelmente reconhece o nome de Messi, mas pouco ouviu falar de Hegerberg.
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Reprodução: Sports Illustrated |
Por isso, a Copa de 2019 já tem um gostinho de vitória, independente de resultados. Independente porque hoje houve mulheres que ligaram a TV só para assistir o jogo. O jogo que passou na TV aberta. Vitória porque a mulherada vai se reunir na casa das amigas para beber uma ceva e torcer pela seleção. Pela seleção delas. Tem o gostinho de vitória porque todas carregamos o fardo do adjetivo e sabemos a importância de parar o Brasil não só porque é Copa e não só porque é futebol, mas justamente porque é feminino.
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Reprodução: Inspiring Life |
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